WELCOME


Viver numa pequena cidade à beira mar – o sonho de muitos.

E se, pela sua particular situação geográfica, essa cidade for um ponto de passagem de gente desesperada? Gente que nem sempre é bem sucedida nas suas tentativas de passar para o outro lado, e que fica retida e se vai acumulando num extremo de terra, a desejar chegar a outro.

Gente que passou pelo indescritível, gente que quer uma vida menos má, gente que prefere às vezes a segurança da ilegalidade e da clandestinidade à violência e sofrimento dos seus lugares de origem.

Bilal é um rapaz de 17 anos, curdo, vindo do Iraque. A pequena cidade à beira mar é território francês, com Inglaterra à distância de um olhar.

Simon é professor de natação naquela cidade.

“Bem-vindo” é mero dizer de tapete de entrada, em que se limpa a sola dos sapatos.

ADORATION

Um homem mandou a mulher grávida para Israel, com uma bomba na bagagem, programada para rebentar durante o voo. A bomba não rebentou, e a mãe foi apanhada no controlo à chegada.

Simon filma o avô no leito do hospital. O avô explica-lhe que género de pessoa era o pai dele: conta-lhe por que razão o pai quis matar a mãe.

Os pais de Simon estão mortos. Ele vive com o tio, que propositadamente o levou para bem longe do avô.

Simon conta aos colegas de turma que aquele homem que pôs uma bomba na bagagem da mulher era o seu pai.

A professora de Simon incita-o a explorar e desenvolver a história. Ele divulga-a na internet.


Um filme de Atom Egoyan, anterior ao mais recente “Chloe”.

AWAY WE GO

Sam Mendes em cima de Sam Mendes! O senhor que em 2008 nos trouxe Revolutionary Road (comentado imediatamente abaixo), apresenta-se em 2009 aos nossos olhos com Away We Go, uma comédia.

Uma noite, Burt e Verona, um casal de trintinhas à espera de bebé, sentados no sofá, enrolados num cobertor, na sala gelada, à frente do radiador que fez os fusíveis ir abaixo, deita contas à vida e decide partir, mudar de casa, mudar de cidade, mudar de vida.

Para escolher o próximo sítio ou os melhores amigos companheiros para os novos tempos, iniciam um périplo pelos Estados Unidos da América e Canadá. É essa viagem que acompanhamos, e no desenrolar dela (re)conhecemos quem connosco insistiu (com desconcertante certeza) que a barriga é “de menino” (quando o médico foi peremptório a dizer que vem aí uma menina!), e os outros que nos dão conta dos abortos que tiveram. Assistimos também às ignorantes ansiedades e soluções que passam pela cabeça dos futuros pais se o ritmo cardíaco da bebé é ligeiramente menos forte que os valores considerados normais; debate-se o possível desvalor erótico da hipótese de mirrarem os seios das mães que amamentam, o apoio que os avós podem dar ou não dar, os familiares idos, as teorias de educação das crianças e os carrinhos de bebé. Recordamos tudo isso com um constante sorriso nos lábios, e sabemos que “é assim”!

(díptico “pés assentes na terra, cabeça no ar”: REVOLUTIONARY ROAD e THE ASTRONAUT FARMER)

Revolutionary Road é um lugar terreno. No contexto do filme de que vos escrevo, esse lugar representa o assentar, o sedimentar da vida adulta ou de casal, a morte dos sonhos e dos objectivos da juventude. Como sedimento, vai acumulando e pesando, causando inércia e atrito. Envolto nesta letargia, com breves intervalos de raiva e agressão, está o casal Frank e April Wheeler.

Look at us. We're just like everyone else. We've bought into the same, ridiculous delusion.” (April Wheeler)




Charles Farmer abandonou há muitos anos uma carreira na aeronáutica, em favor do rancho do pai, no Texas. Não foi certamente a opção de sonho. Entretanto, no celeiro, começa a construir um foguetão, para se lançar para o espaço e chegar onde queria chegar pelo caminho que largou. Tem a apoiá-lo a mulher, o filho e as duas filhas mais novas, todos entusiasmados com o desafio fantástico. Tem contra ele a indisponibilidade dos bancos em concederem-lhe mais crédito, o FBI que lhe cerca o rancho quando intercepta a ordem de compra de combustível para o foguetão, e os comerciantes que não acreditam no potencial comercial de patrocinar o foguetão e a viagem.

If we don’t have our dreams, we have nothing” (Charles Farmer)

DOWN IN THE VALLEY

Visto há muito tempo, e relembrado hoje, na sequência de um 'piropo'(?).

MILK

Retrato de um homem, e de parte de uma luta cívica e política.

Visto em 2009, no dia internacional da mulher, numa altura em que na Califórnia se discute a Proposition 8.

(díptico 李楊 [Li Yang]: 盲井 [BLIND SHAFT] e 盲山[BLIND MOUNTAIN])

BLIND SHAFT é um conto de burlões, e da trapaça que no fim se vira contra eles. Adivinha-se cedo o desfecho, mas isso não lhe tira o mérito.

Este filme de 2003 não deixa de me vir à memória todas as (muitas) vezes que ouço na rádio a notícia de mais um desabamento ou uma explosão em uma mina chinesa. É neste cenário de parcos proveitos ganhos debaixo de terra que dois homens montam um esquema de sobrevivência: repetidamente, atraem terceiros (estranhos) para trabalhar com eles, acabando por assassiná-los, o que encobrem com a simulação de um acidente de trabalho. Depois, viram-se para o patrão e reclamam a indemnização pela perda do morto, de quem dizem ser familiares. A próxima vítima é um rapaz jovem e inocente, uma alma virgem cujo propósito maior é juntar dinheiro para mandar para a família.




* *

BLIND MOUNTAIN expõe um (outro) fenómeno social do norte da China: a venda de mulheres.

Uma jovem rapariga, recém-licenciada, desesperada por não conseguir arranjar emprego, julga encontrar a bóia de salvação na proposta de uma amiga, que lhe acena com a hipótese de trabalhar com um homem que comercializa ervas medicinais, cultivadas em terras remotas do norte da China. Vai finalmente poder ganhar algum dinheiro para mandar para casa, e compensar as maquias que o pai gastou com a educação dela, ajudando também a que o irmão mais novo possa ir à escola.

Ela anui à proposta sem pensar duas vezes, e prontamente se fazem os três à estrada. Depois de uma extenuante viagem, chegados ao local, o casal pede-lhe que espere na aldeia enquanto vão negociar a compra das ervas.

Quando a rapariga dá por ela outra vez, está a acordar numa cama de uma casa local e sem os companheiros de viagem com quem viera. Foi vendida por aqueles, para ser noiva de um agricultor/pastor local.

A queixa que a rapariga apresenta junto da autoridade maior da aldeia é desatendida porque ela não tem documentos de identificação (que lhe foram furtados pelo casal que a vendeu). Numa das suas tentativas de fuga, um condutor não lhe dá boleia porque ela não tem dinheiro para lhe dar em troca. Noutra tentativa, quando ela berra que está a ser raptada, o polícia roga ao grupo de perseguidores que a tirem dali, que estão a interromper o trânsito automóvel.



BLIND SHAFT e BLIND MOUNTAIN são, até agora, os dois únicos filmes de Li Yang. Cada um deles, multi-premiado! Aconselho-os vivamente, e fico ansiosamente à espera de mais.

FROZEN RIVER

A grande crise dos grandes chegou aos jornais, às televisões e às bocas do mundo no final de 2008.

A grande crise dos pequenos é uma coisa de sempre - variam os números ou as geografias dos que com ela (con)vivem.

Nos Estados Unidos da América, à beira do Canadá, vemos Ray, mãe de dois filhos menores, abandonada pelo marido. Vivem os três numa casa pré-fabricada, sem condições. É inverno e sonham com uma casa nova, também pré-fabricada, mas ‘melhor’, nova. À porta, cada dia, têm credores.

O infortúnio de Ray não é maior que o de Lila – esta, uma índia que vive numa roulotte e trafica mão-de-obra clandestina de um país para o outro, pela reserva que os medeia. Tem um filho bebé, que lhe foi retirado pela sogra. Alimenta-se de batatas fritas e espia a casa da sogra à noite, pendurada nos ramos de uma árvore, a poucos metros da janela da sala daquela. Mete todo o dinheiro que poupa dentro de caixas de Pringles e larga-as à entrada daquela casa, de fugida.

À procura do marido, Ray conhece Lila e o modo de esta ganhar dinheiro.

O rio gelou e é agora transitável de carro. Ray tem um autómóvel com as características que Lila procura para o tráfico. Lila conhece as pessoas do ramo. Ray tem uma arma …Lila aponta uma arma a Ray. As necessidades de cada uma forçam-nas à parceria.

SOMERS TOWN

De 2008. Realizado por Shane Meadows (que em 2006 nos trouxera THIS IS ENGLAND).

Um rapaz polaco e o pai dele. O pai trabalha nas obras da gare do Eurostar (o comboio rápido que liga Paris e Londres). O miúdo passa o dia em casa, ou a vaguear na rua.

Um outro rapaz, britânico, foge de uma parte mais rural do Reino Unido para a capital.

Os dois miúdos conhecem-se num café de Londres. Marek, o polaco, está numa mesa a rever as fotografias que tirou a Maria. Tomo, o britânico, está noutra mesa a apelar à caridade de uma mulher que veio com ele no comboio – na noite anterior, ele foi espancado e roubado do pouco que tinha.

Quando a ocasional benfeitora de Tomo sai do café, este senta-se na mesa de Marek e tira-lhe da mão as fotografias.

Daí para a frente, passam a ser a companhia, o professor e o rival um do outro. Maria (a fotografada, a Parisiense) é uma das razões que os une – a mais flagrante, mas certamente não a única.

Pena os últimos 5 minutos do filme, a cores, perfeitamente escusados! (Uma concessão lírica ao ‘patrocinador’ Eurostar?)

LABERINTO DE PASIONES

Quando eu tinha 3 anos (quase quatro!), Pedro Almodôvar mostrava-se nos filmes que realizava, aparecendo em cenários kitsch, em que mandava deitar um actor travesti que para o realizador simulava ter prazer desmedido em sentir o seu mutilado e já demasiado ensanguentado corpo ser perfurado por brocas. Também se fazia filmar de mini-saia e casaco de cabedal preto, com grandes e redondos brincos a condizer. Os amigos cheiravam verniz das unhas quando lhes faltava algo melhor, e engatavam descaradamente na esplanada. As amigas tinham problemas de flatulência e desaguisados musicais com ex-namorados. Uma era violada regularmente pelo pai, que tinha saudades da mãe que saira de casa com um amante – o velho tomava afrodisíacos mais fortes que os soníferos que a filha lhe dava. Grande maluqueira, a Movida madrilena! :-.)

Visto no Palace IFC de Hong Kong, a 11 de Janeiro de 2009. Um divertido final de fim-de-semana!

(díptico de início de ano: AGUIRRE, DER ZORN GOTTES e RESCUE DAWN)

Determinação x 2, por Werner Herzog.


A meio do filme, Lope de Aguirre (Klaus Kinski) vê-se comandante de um grupo de homens com um objectivo bem definido: alcançar o El Dorado.

A meio do filme, Dieter Dengler (Christian Bale) vê-se comandante de um grupo de homens com um objectivo bem definido: alcançar a liberdade.


Aguirre é um soldado numa missão real, discorda do rumo e das ordens que recebe, trama quem tem que tramar, consegue a sublevação e chega ao comando.

Dieter é um soldado numa missão militar, o seu avião é atingido, cai, sobrevive, foge, mas acaba sendo feito prisioneiro. Consegue mais tarde o comando do grupo de cativos e a fuga.


A selva amazónica.

A selva vietnamita.


Loucura.

Razão.


Morte adivinhada.

Liberdade recuperada.


Os meus dois primeiros filmes de 2009.

(proposta de díptico: ter fome depois de matar alguém: IN THE VALLEY OF ELAH e MR73)

In the Valley of Elah olha para os efeitos de uma guerra – mais exactamente, os efeitos da participação nela. Olha fora da guerra, mas afinal bem para dentro dela! Joan Deerfield (Susan Sarandon) é uma mãe amargurada por ter perdido um primeiro filho na guerra (morto) e não ter tido ou exercido força suficiente para evitar a ida do segundo. Hank Deerfield (Tommy Lee Jones) é um veterano, marido de Joan, e ‘se calhar responsável’ pela ida do primeiro filho que perderam, e do segundo também. Como o primeiro, Mike (o segundo filho) não volta a casa. Mas terminou a sua comissão no Iraque e voltou ao país natal – a sua sorte foi no entanto bem distinta da de David (de Israel, que, segundo o mito, foi enviado para combater no Vale o gigante Golias, Filisteu).

MR73 é a arma de que são disparados os três tiros finais do filme, mortais. É também a arma cuja coronha serve para matar um outro personagem, antes daqueles três. Antes de tudo isso, temos a história de um polícia, Louis Schneider (Daniel Auteuil), cuja mulher e filha sofreram recentemente um acidente de viação. De Schneider, dir-se-ia que está ‘em espiral descendente’ – ainda assim, não corta amarras com uma investigação que escolhe assumir por conta e riscos próprios, de um assassino de mulheres. De permeio, lida também com uma colega de profissão (amante dele, num passado cuja distância não se apura concretamente, e com frequência que também se não revela), com um amante ocasional dela, que também é polícia; com outros colegas, e com uma jovem mulher que enquanto criança viu a mãe e o pai serem mortos por um homem que pode agora sair em liberdade condicional. Como se disse no início, quatro destes não chegam ao fim do filme vivos.

Trivialidade (?): ambos os filmes são baseados em acontecimentos reais!

PARIS

O senhor (Cédric Klapisch) que nos trouxe o ‘tudo ao molho’ da Residência Espanhola (L'auberge espagnole)* e das Bonecas Russas (Les poupées russes) traz-nos agora “Paris”.

Uma vez mais, faz de Romain Duris cabeça-de-cartaz, e faz desfilar muita outra gente, frenética, a ‘viver’ de um lado para o outro. Estes, vivem mais porque se mostram em contraponto com Pierre (Romain Duris), a quem foi diagnosticado um problema de coração (De battre mon coeur s'est fatigué! – chalaça fácil, sim, eu sei, mas não resisti).

Como os dois anteriores filmes que já se referiram, “Paris” é leve, embora menos ‘bem-disposto’ do que os seus irmãos mais velhos, se o virmos do ponto de vista do protagonista principal, que decide ensombrar a sua vida com o espectro da morte iminente.

Resumindo: o filme não é mau, mas também não é excelente. Vê-se bem, e merece honras de abertura do 37.º French Cinepanorama, em Dezembro próximo (de 2 a 14 de Dezembro, de 2008, em Hong Kong).

* O título 'internacional' de L'auberge espagnole é "Euro Pudding" - elucidativo?

(Emplastro. Cenas cortadas na edição final)


The Spy Who Loved me
(James Bond)


O Roger Moore ficava f##### sempre que eu me atravessava!!

:-.)

(parcialmente filmado num terraço do Museu Gayer-Anderson)

(Cairo, Egipto/Egito)

PLEASANTVILLE

De cidade aprazível (?), a cidade do/com prazer.

Cor, sem ser ou advir necessariamente do pecado.


(Apontamento lateral: Em 1998, o cartaz de Pleasantville colocado no Cinema Avenida ostentava um "Brevemente". Confiei e optei por não ir ver o filme numa das pequenas salas do Girassolum, onde dias depois começou a passar. Fiz mal. Semanas depois, o cartaz desaparecia das vitrinas do Avenida, sem nunca lá ter sido exibido o filme. E desaparecera já do Girassolum também. Foram precisos dez anos!!...)

MANUFACTURED LANDSCAPES

Embora não seja um propósito assumido, este documentário traça um retrato impressionante, obviamente não exaustivo, da China industrial dos tempos recentes.

Para descobrir as fotos de Edward Burtynsky (em cujo trabalho se apoia este filme), podem ir aqui.

Ver para crer?

苹果 (LOST IN BEIJING)

Não voam, não atiram bolas de fogo, nem têm quaisquer outros poderes mágicos. Não são polícias hip / cool de Hong Kong, nem são valentes guerreiros imperiais ou os seus vis inimigos. Não irradiam uma aura luminosa de candura, nem caminham sobre nuvens de felicidade e amor imaculado.

Espelho daquilo que na China nos é dado a observar todos os dias, e do mais que se adivinha.

Muito bom. Obrigatório.

(dípticos recentes)

PERFUME: THE STORY OF A MURDERER.
Baseado no famoso livro, que confesso nunca ter lido.
Sofrível.
Quase duas horas e meia a ver a cara do João.

LIVE FREE OR DIE.
De Gregg Kavet e Andy Robin, dois dos argumentistas de Seinfeld.
Medianamente engraçado.
Uma hora e meia a ver o Victor (tcp Xô Vici).

* * *

ACROSS THE UNIVERSE.
Beatles, Beatles, Beatles.

I AM SAM.
Beatles, Beatles, Beatles.
(p.s. estômago revolto nas muitas cenas de tribunal!)

Oriente - Ocidente (festival de cinema)

De 9 de Abril a 7 de Junho, no Albergue da Santa Casa da Misericórdia [i.e., aqui], vamos ter sessões de cinema, nalgumas quartas-feiras e nalguns sábados, pelas 21h (aqui deixo o meu sentido “Obrigado”, pelo horário feito para abraçar também quem não se liberta cedo dos afazeres profissionais).

A escolha explora o encontro (ou a dicotomia?) oriente-ocidente.

Assim:

- Quarta-feira, 9 de Abril, THE LOVER (passado no Vietname, e baseado numa obra de Marguerite Duras)
- Sábado, 12 de Abril, SAYONARA (de 1957, com Marlon Brando. Passado no Japão, obviamente)
- Quarta-feira, 16 de Abril, HIROSHIMA MON AMOUR (de Alain Resnais e de 1959. Baseado também numa obra de Marguerite Duras, e passado igualmente no Japão)
- Sábado, 19 de Abril, KAGEMUSHA (de Akira Kurosawa. “Retrato” do Japão medieval)
- Quarta-feira, 23 de Abril, MERRY CHRISTMAS MR. LAWRENCE (de Nagisa Oshima, com David Bowie e Takeshi Kitano)

- Quarta-feira, 7 de Maio, M BUTTERFLY (de David Cronenberg e de 1993. Com Jeremy Irons)
- Sábado, 10 de Maio, RHAPSODY IN AUGUST (mais um de Akira Kurosawa, mais um “retrato” do Japão)
- Quarta-feira, 14 de Maio, THE WORLD OF SUZIE WONG (passado em Hong Kong)
- Sábado, 17 de Maio, SHADOW MAGIC (passado em Pequim)
- Quarta-feira, 21 de Maio, THE QUITE AMERICAN (não a versão de 1958, com Michael Redgrave, mas sim a de 2002, com Michael Caine e Brendan Fraser)
- Sábado, 24 de Maio, THE LAST SAMURAI (Tom Cruise...)
- Quarta-feira, 28 de Maio, PAINTED VEIL (não a versão com Herbert Marshall e Greta Garbo, mas sim a mais recente, com Edward Norton e Naomi Watts)
- Sábado, 31 de Maio, LETTERS FROM IWO JIMA (de Clint Eastwood)
- Quarta-feira, 4 de Junho, MY BLUEBERRY NIGHTS (de Wong Kar Wai, com Jude Law e Nora Jones)
- Sábado, 7 de Junho, BABEL (de Alejandro González Iñárritu, com Cate Blanchett, Brad Pitt e outros)

Mais uma iniciativa da Casa de Portugal em Macau. Venham mais!
...para quando uma sessão de Amor e Dedinhos de pé?

Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Macau _ 2008

Decorreu, de 28 de Março a 6 de Abril, de 2008, no Centro Cultural de Macau, mais uma edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo, que mostrou:

- MY WINNIPEG. A preto e branco, um retrato cómico-trágico de uma cidade fria, cinzenta e depressiva. A capital da província de Manitoba, no Canadá, vista por quem foi ali nado e criado. (o tapete da sala, enrolado, a fazer as vezes do pai morto; e a senhoria, que quando soube que iam fazer um filme não abandonou a casa, porque também queria aparecer).

- EN LA CIUDAD DE SYLVIA. Ele, em Estrasburgo, à procura da Sylvia, com apenas meia dúzia de diálogos, em francês, de permeio. Uma montra de genes europeus. (os mesmos figurantes, a cada cinco minutos).

- FADOS. Registo do que seria um variado (e interessante) espectáculo, se fosse fácil juntar todas aquelas pessoas num mesmo espaço e tempo. Excelente encenação. Um (ledo) engano. (aviso à navegação: bailarinas com piercings, bailarinos descamisados com tatuagens, MCs, Chico Buarque de Hollanda, Lura, Caetano Veloso, inter alia).

- AND WHEN DID YOU LAST SEE YOUR FATHER? Morno, como um cadáver que se cobre para passar a noite na cama. Morto. (…)

- NIGHTWATCHING. Teatral. Belo. Fortemente visual. (Jm, mais um com instantes que amiúde se querem emoldurar).

- MÝRIN (Jar City). Frio é o local; fria é a doença; frias são as cores deste policial. (ice-land)

- 请投我一票 (Please Vote For Me) Premissa: pela primeira vez, numa escola da China, é dada aos (pequenos) alunos a possibilidade de serem eles a eleger, entre três, quem querem que seja o seu delegado de turma, em vez de este lhes ser imposto. A trafulhice em gente de palmo e meio, e a insidiosa ajuda externa (dos pais). (tu choras por tudo e por nada, não tens perfil para aguentar isto; tu bates-nos muito; se eu não for duro, ninguém me respeitará. “Calados!!”).

- MANUFACTURING DISSENT. Aproveitamento de um manipulador. Manco. (e ali estava, aquele homem, com ar de camionista e boné na cabeça).

- VRATNÉ LAHVE (Empties). Os primeiros dias da última idade, com uma esforçada tentativa de quebra com o dia-a-dia da idade anterior. (mulheres em meias de vidro, frequentemente, numa carruagem de comboio).

- SUKKAR BANAT (Caramel). Mulheres à beira de… A velha fórmula de Almodóvar, usada no Líbano. (ele sai do salão de beleza, com o bigode feito e sem as patilhas – Uááááá!!! …é o delírio da audiência, e um momento alto de ir ao cinema em Macau)

- FILMES DE MACAU. The Rising City; The Voice Of Pedicab; Traffic Lights; Macao Water Fountains; We Love Dancing; Sons Of The Land; Left Behind; 350 Meters;

- CURTAS DO SUDOESTE ASIÁTICO. A Not So Giant Story; Crocodile Journals; It Is Not A Chance To Be Missed; D.Y.I.; Graceland; Quietly; The Mole; Wind; A Not So Giant Story.

Para o ano há mais.

THERE WILL BE BLOOD

"I am finished" (Daniel Plainview, circa min. 150).

NO COUNTRY FOR OLD MEN

Montra de indivíduos; palco de monólogos, mais do que de diálogos.

Sobretudo, há um homem vestido de negro. Há também um cowboy remediado, e há Tommy Lee Jones, com a camisa beige e os emblemas que já lhe vimos antes.

Posto em exame e em contraponto com a interpretação de Bardem - sinistra e fisicamente grotesca (terei sido eu o único que se lembrou várias vezes de Gérard Depardieu?) -, e com a chico-esperteza da personagem de Brolin, a figura de Jones fica apagada e passa a segundo plano. E é o que se pretende.

No árido planalto texano e no selvático teatro do matar ou ser morto, tal como aqui ou aí, não tardamos a arrumar as botas – o mundo não é de facto um lugar para todos, sempre.

ENCHANTED, JUMPER e CJ7.

Não, não ensandeci. Falo-vos destes três filmes, mas não porque os tenha visto e venha aqui recomendá-los - nada disso!

Apetece-me, isso sim, dar-vos aqui conta de um fenómeno que, uma vez por ano, tem lugar à porta do Cineteatro de Macau: na manhã de um determinado dia do primeiro trimestre de cada ano, sou sempre surpreendido pelo invulgar número de jovens que, alinhados, formam uma fila que transborda do edifício e se prolonga pela rua, por muitos metros.

“O que é que se passa ali?!!!”.

Logo me lembro: é dia dos namorados! :-.)

Pois é: todos os anos, a 14 de Fevereiro, centenas de jovens sacrificam o seu tempo e dinheiro e preferem o desconforto e o escurinho desta velha sala de cinema aos sofás das respectivas casas e DVDs falsificados - bem mais baratos que estes bilhetes, caramba!

Em 2008, olho para o que está em cartaz e efabulo: alguns daqueles rapazes vão aguentar os ruivos cabelos ondulados, os vestidos de balão e os muitos folhos de Giselle, as calças justas de Edward e o amigo esquilo, que fala. Talvez riam com uma ou outra tirada ou até lhes agrade este ou aquele fogacho num ou noutro momento de alguma acção. Por ela. Na fila estará no entanto também quem esteja disposta a levar com rápidos flashes enquanto um rapazola se tele-transporta de um lado para o outro e se defende de quem o tenta matar. Bem, está lá também a rapariga, por quem se espera que ele haja de se normalizar. O poder do amor; o poder delas. Não vai custar nada - por ele. Mas sejamos claros: podendo, o que eles e elas vão querer ver é a história do pai pobre, operário fabril que pouco traz para a mesa das refeições, e do filho deste, que é humilhado na escola e que, ao contrário dos malandros que o atormentam, não tem um brinquedo modelo CJ1 para brincar. Até que um dia, uma bola que o pai desencanta na lixeira para oferecer ao filho se revela um fofo extraterrestre que há-de ressuscitar o pai, entretanto morto num acidente de trabalho e…

Sim, sem dúvida: sei bem que bilhetes vão esgotar primeiro.

NE LE DIS À PERSONNE

Crias-me morta; esta é a minha maneira de te dizer que estou viva. Mas não podes dizê-lo a ninguém!

Lamento tanto estes oito anos que não estivemos juntos.

Irei ter contigo. Sei que não deixarás de vir ao meu encontro.

* * *

Aproxima-se mais um aniversário da tua morte.

Não deixo passar a data; não desamparo os teus pais.

Mas não percebo que imagens são estas. Tenho a certeza que és tu naquele vídeo. Onde estás? És tu, não és? És, tenho a certeza que és tu. Mas como pode ser? O que é que se passou entretanto que me escapou?

O teu pai reconheceu o teu corpo. Eras tu?

És tu?

Onde estás? Vem ter comigo. Vou ter contigo – não descanso enquanto não te encontrar.

Margot?

* * *

Alex?

EASTERN PROMISES

Before ironed Viggo Mortensen we all will ultimately bow or kneel, and with him all of us shall ally.

Spasibo, David.

CONTROL

A maioria do público que este filme tenha, chegará a ele por causa do nome “Joy Divison”.

Joy Division existiu (brevemente) na década que antecedeu os anos 80. Não obstante a curta existência, teve uma produção musical marcante, mantendo ainda hoje uma considerável legião de fãs.

Ian Curtis nasceu em 1956 e, a partir de Manchester, deu-se a conhecer ao mundo como líder dos Joy Division.

Na véspera da primeira digressão da banda à América, Ian suicidou-se.


O que este filme nos traz é o retrato de um jovem, que, finda a adolescência, se vê, de repente, colocado na posição de liderar uma banda que ascende rapidamente ao sucesso; preso embora a uma vida familiar em que não se revê e dividido pelo amor adúltero de uma bela mulher.

Tudo isto num preto e branco magnífico. A luz está exactamente onde devia estar. Apetece congelar cada imagem e colocá-la na parede predilecta.

Vejam; vale a pena. Mesmo se nunca ouviram falar ou não gostam de Joy Division e de Ian Curtis.

DEATH OF A PRESIDENT

Um disparo. Um instante, mas que nos fica na retina.

Inevitavelmente, o estado de choque.

O atentado que ontem George W. Bush sofreu em Chicago e que nos tem sido insistentemente servido nos meios de comunicação social rivalizará, na memória colectiva, com as outras imagens de terror e tragédia a que assistimos há seis anos, aquando do atentado às torres gémeas do World Trade Center de Nova Iorque.

A poucas horas do fim, 19 de Outubro de 2007 torna-se uma data de referência da história contemporânea.

* * *

No momento em que escrevo este aditamento, já é certo: George W. Bush faleceu.

* * *

Não consigo não me lembrar do assassinato de Jonh F. Kennedy, em Dallas.

Não estava lá, nem assisti a ele. Mas é uma imagem que está embutida na memória colectiva. A preto e branco. A parada. O carro. O casal. O som quase surdo do tiro. Os gritos de horror da assistência... Jackie. Tudo a preto e branco.

Não consigo deixar de pensar nisto.

* * *

Tenho-me abstido de voltar a este texto. Tenho-me obrigado a isso.

Mas não há minuto em que possamos desligar-nos. A América continua a ser o centro do mundo e parece que tudo o mais aguarda para existir. Nas televisões, nos jornais. Não se lê ou ouve falar de mais nada.

* * *

Do imenso rol de detidos daquela noite, as altas instâncias já decidiram quem acusar. O seu nome é Jamal Abu Zikri. Sírio.

* * *

Pelo que tenho lido, visto e ouvido, o circunstancialismo que sustenta a acusação contra Jamal Abu Zikri resume-se ao treino militar que “sofreu” no Paquistão; e aos “resíduos balísticos” que foram encontrados na sua roupa. O escrutínio a que a televisão tem submetido este assunto tem posto em causa a força daquelas provas.

Arrepio-me quando antevejo o julgamento pelo Tribunal de Júri. A recente chamada à colação, nos meios de comunicação social, de um eventual interesse sério do governo sírio em conceber e patrocinar o assassinato do Presidente George W. Bush serve bem a distracção colectiva por que deve clamar quem foi chamado inesperadamente a assumir a presidência – aquela presidência.

A condenação em Tribunal é inevitável. Qualquer outro resultado seria a vergonha de uma Nação.

Dick Cheney sabe-o. Os juízes sabem-no. A advogada de Jamal também o sabe, tenho a certeza.

* * *

Ontem vi “Death of a President” e decidi voltar a este texto – volvido um ano.

Passado todo este tempo, este documentário traz à luz a possibilidade de o assassino ter sido, afinal, Al Claybon, militar reformado, pai de dois militares, um dos quais falecido no Iraque. Fica a dúvida, não a certeza.

A certeza, essa, só Jamal Abu Zikri a tem – a de ter sido condenado e de saber que não há maneira de fugir ao seu destino: a morte, pela morte de um presidente; pela estabilidade de uma Nação.

Ainda mais impressionante é o desespero da mulher de Jamal, que repetidamente questiona: porque é que o responsável não parou um momento para pensar antes de premir o gatilho? As consequências do acto praticado são de facto incomensuráveis; e, a ela, tiraram-lhe tudo.

* * *

Segundo Cheney, o combate à insegurança na Nação foi o que o levou a extremar o Patriot Act de Bush; mas eu sinto-me menos. Tenho medo; e aqui me calo.

THE M(donut)VIE

Uma família, tão ou mais complicada que a minha e a tua.

São cinco (pai, mãe, filha, filho e bebé), têm tez amarela, e houve tempos em que fixaram residência no Cineteatro de Macau, onde (por certo) deleitaram as audiências ...em Cantonês e assumindo uma nova identidade – ali, eles não eram os Simpsons; eram os 辛普森家庭!

Confesso que, na altura, me passou pela cabeça ir lá fazer-lhes uma visita – tenho a certeza que me divertiria. Mas não tive tempo/oportunidade/desprendimento ou vontade suficiente para tanto.

Entretanto, e num gesto de extrema boa vontade, a dita família e os seus conhecidos prontificaram-se a, por uma noite, e no aconchego do (meu) lar, pôr de lado as falas que decerto tanto lhes custou decorar para aquela tournée sul-asiática e retomar os diálogos originais, em inglês.

BEM-HAJAM. Foi só :-.))))))))))))))))))))))

E obrigado também ao Xô Kuka e à XôDona Erica pela agradável companhia.

CASA DE AREIA

De Andrucha Waddington; com Fernanda Torres (sua esposa) e Fernanda Montenegro (sua sogra).

Em 1910, Vasco, um português, / No início do século XXI, Andrucha, um brasileiro,
arrasta a esposa e a sogra para a vasta e lunar paisagem do deserto do Maranhão.

Vasco quer ser senhor daquelas terras e rejeita veementemente qualquer arrependimento ou vontade de voltar atrás.

Andrucha quer levar avante um filme idealizado a partir do relato de uma foto vista num café, de uma casa atolada na areia do deserto.

Escrito para “as Fernandas” – a Nanda e a Fernandona, como eles lhes chamam.

História de D.ª Maria, Áurea e Maria.

STRINGS

Tragédia neo-clássica, movida a cordéis.

Rei morto, rei posto; um tio tirano, sedento de tomar para si o trono; um jovem príncipe, inexperiente mas única esperança da nação; uma jovem princesa, irmã daquele e objecto de desejo de um vil personagem; etc.

A guerra.

Sábia integração dos cordéis na essência da história. Fotografia cuidada. Aconselha-se.

Se alguém conseguir lançar entretanto a mão a Hvordan Vi Slipper Af Med De Andre (filme do mesmo realizador, posterior a Strings) e a The Eighteenth (anterior), façam o favor de reportar e partilhar ;-.)

VENUS

Com Jodie Whittaker (uma jovem...) e Peter O'Toole (agora septuagenário).

Os avanços dele (Maurice) sobre ela, e os recuos dela (Jessie), não desinteressados. Assim:

Maurice: I will die soon, Venus. Can I touch your hand?
Jessie: That's one chat-up line I haven't heard.

Maurice: I'm impotent, of course.
Jessie: Thank Christ.
Maurice: But I can still take a theoretical interest.

Jessie: Have you been thinking about me?
Maurice: All the time I was in the hospital.
Jessie: What do you think about me?
Maurice: Your hair, your feet, your legs, your behind, your eyes...
Jessie: My eyes?
Maurice: [dreamily, reverentially] Your elbows... your cunt...
Jessie: Oh shut up...
[Long pause]
Jessie: You can touch my hand.

Jessie: Only with your fingers. Anything else will make me vomitous.

Jessie: I haven't got anything to wear.
Maurice: I can't think of anything more enraging.

Maurice: My dear, would you pass me my trousers?
Jessie: What is that?
Maurice: A catheter.
Jessie: Oh, my God!
Maurice: I think it's leaking.
Jessie: I don't want it on my shoes! You're always dripping, Maurice.
Maurice: Oh, hold on.
Jessie: There's always bits of you where there shouldn't be!

Jessie: You can kiss my shoulders.
Maurice: Can I?
Jessie: Three kisses. Three, I said! And no licking and burping, you dirty, filthy, little shithead.

Jessie: You've made me sticky with your slug tongue. I think I'll have a bath.
Maurice: Well, well. I think I'll run it for you.

Jessie: Do you believe in anything, Maurice?
Maurice: Pleasure, I like. I've tried to give pleasure. That's all I'd recommend to anyone.

Maurice: Venus. You look like a movie star.
[Kisses her neck]

Maurice: This other man, the other man who loved you, was he not kind to you?
Jessie: He was kind, for a time. He promised me things. He bought me stuff. We had champagne and there were roses.
Maurice: Then you got pregnant.
Jessie: Does everyone know?
Maurice: It's happened to girls before.
Jessie: Then... then he stopped being kind. He went the other way. A long way that way. He were engaged. I didn't know. It wasn't a miscarriage. My mum called it that. It were an abortion. And she made me.


Lembra as investidas de Humbert Humbert sobre Dolores e os retornos desta, não lembra?

Banda sonora de Corinne Bailey Rae. A descobrir...

Fica a vontade de ver também The Mother, do mesmo argumentista (Hanif Kureishi) e do mesmo realizador (Roger Michell).

LAND OF PLENTY

De Wim Wenders.

Uma velha Dodge, de um azul esbatido; veículo bem apetrechado. O tripulante? ..Um Vigilante, consciente dos perigos que assombram as sociedades de hoje e determinado a fazer algo pelos seus concidadãos – americanos.

Uma rapariga, educada na diversidade, volta do Médio Oriente para casa – os Estados Unidos da América. Para ajudar os seus concidadãos – americanos.

A determinado momento, ele detecta uma possível ameaça à segurança nacional e lança-se na investigação.

Ficamos todo o filme na dúvida: choca em nós a ideia de que há ali um exagerado alarme e a consciência de que vivemos num mundo inseguro em que a nossa inacção é efectivamente potenciadora da nossa desgraça.

Uma banda sonora fabulosa – a merecer uma ida à HMV, se não a conseguir encontrar na Travessa dos Anjos.

Apontamento lateral: quando na cidade, vemos frequentemente, ao fundo, o topo do New Million Dolllar Hotel...

AN INCONVENIENT TRUTH

Sem dúvida, uma referência política e social desde 2006.

Al Gore renasce para o mundo depois de perder (?) para Bush a presidência dos Estados Unidos da América. Em jeito de palestra, dá a cara por mais um alerta sobre o aquecimento global e os correspectivos degelos, secas, erosões de solos, etc. Causas e consequências.

Se é inegável que o seu apelo se conta entre o de muitos outros, é também verdade que este alerta soou mais alto e trouxe para a ribalta o problema, que se mantém em franco debate e análise nos meios políticos, nos jornais, nos cafés, etc.

Socorrendo-se de registos variados, a sua mensagem chega a diversos públicos. A mim, ao invés das tiradas dos Simpsons, impressionaram-me as imagens (o antes e o depois – rectius, o antes, o agora e, às vezes, o devir).

Vale a pena ver.

JINDABYNE

Obrigado à Sally, pela partilha. Como prometido, este meu apontamento segue em língua inglesa.

Directed by Ray Lawrence who gave us Lantana in 2001 and Bliss in 1986 (anyone has them? – I’d really like to view these too).

Lead roles played by Laura Linney (previously seen in The Squid and the Whale) and Gabriel Byrne.

A small town in Australia. A small yet heterogeneous community. Each influenced and influencing the other.

One by one, each character reveals itself and exposes the different background of its next door neighbours.

One day, the men leave town to go spend the weekend fishing. On the river bank they discover the corpse of a dead girl. What to do next?...

Highly awarded. Portrait of judgmental beings – Humans, I mean.

SYLVIA

Há quem dê ou faça de tudo para encarnar na tela uma Bond girl, uma referência heróica do mundo dos quadradinhos, uma (des)ilusão política do mundo sul-americano, etc. Gwyneth Paltrow quis ser Sylvia Plath, a poetisa; a mulher.

BOBBY

De Emilio Estevez (Sheen), responsável pela realização e pelo argumento. Com Anthony Hopkins, Laurence Fishburne e Freddy Rodríguez e Christian Slater, Lindsay Lohan e Elijah Wood, Martin Sheen e Helen Hunt, Demi Moore e Sharon Stone e William H. Macy, Ashton Kutcher e outros. E com Emilio Estevez, actor – sim, ele, o mesmo.


4 e 5 de Junho de 1968. Los Angeles. Um Hotel: o Ambassador. Nele, tanta gente –funcionários, hóspedes e toda a prole política de mais um Kennedy, de mais uma esperança, de mais um ideal.

Dos combativos (Elijah Wood a ser salvo por um anel...), dos aspirantes, dos sempre presentes, dos inocentes, dos infiéis, dos frustrados, dos mal amados,...

Consta que gozou de uma ovação de sete minutos em pé em Veneza.


No fim, o assassinato do Senador Robert F. Kennedy.

LE DINÊR DE CONS

Adaptação da peça com o mesmo nome, também levada aos palcos portugueses por Miguel Guilherme, António Feio e João Lagarto, inter alia. Humor clássico. Do que passa um simplório nas mãos de pequenos burgueses. Da humilhação pérfida do outro, da justiça divina, e do (sor)riso que tudo isso nos causa.

THE QUEEN

Escrito por Peter Morgan, argumentista de The Last King of Scotland e responsável pela recente e aplaudida humanização de Nixon nos palcos de Londres. Ela, majestosa - a personagem e a interpretação da mesma. Tratamento particular de um episódio. Ficção - não o esqueçamos.

SIN CITY

Beleza gráfica excepcional. Novela para-policial; filme noir. Mais uma vez, personagens criadas por Frank Miller ganham movimento. Com Bruce Willis, Benicio del Toro, Jessica Alba, Elijah Wood, Clive Owen e muitos outros. Vale a pena pôr de parte qualquer preconceito e ver.

2 DAYS IN PARIS

De e com Julie Delpi, sem Ethan Hawke. Encanta logo, com a caricatura do trapaceiro americano e das exageradas sobrancerias francesas. Perde-se depois, tanto quanto deriva a vida de Jack. Desilude no fim e sabemos então que os princípios activos de Before Sunrise e de Before Sunset não garantem necessariamente um resultado plenamente satisfatório.


VISTO EM HONG KONG, A 8 DE JULHO DE 2007. BREVEMENTE NUMA VIDEOTECA PERTO DE SI.

MA FEMME EST UNE ACTRICE

De Ivan Attal; com Charlotte Gainsbourg e outros. O casal. Os encantos e os desencantos. A mulher de sucesso e o marido. A relação. As relações, deles com os outros. A carícia e a bofetada; o sussurro e o grito. O tempo de hoje. Os actos em que nos revemos. E o sorriso, sempre - cúmplice e anuente.

IL CAIMANO

Moretti, adulto. O governo da gente pela gente, sonhado, querido, mas corrompido, a cada dia, em todo o lado, por todos. O deboche lá no topo, suportado pela conivência, pelo medíocre medo e pelo fácil corrompimento. A vergonha vista por quem está debaixo e a denúncia dela. Tudo em Moretti vale a pena - este vale ainda mais.

LITTLE CHILDREN

Morno, não surpreende nem entusiasma. Queria ser Magnólia mas não consegue. Patrick Wilson em mais um filme sobre comportamentos sexuais desviantes. Há Connelly; e Winslet também - mas isso não salva.

HARD CANDY

Forte. Quente. Vibrante. Moderno. A cândida e o cândido. Um murro no estômago, ou mais abaixo. Adivinha-se, mas não se larga.