(díptico “pés assentes na terra, cabeça no ar”: REVOLUTIONARY ROAD e THE ASTRONAUT FARMER)

Revolutionary Road é um lugar terreno. No contexto do filme de que vos escrevo, esse lugar representa o assentar, o sedimentar da vida adulta ou de casal, a morte dos sonhos e dos objectivos da juventude. Como sedimento, vai acumulando e pesando, causando inércia e atrito. Envolto nesta letargia, com breves intervalos de raiva e agressão, está o casal Frank e April Wheeler.

Look at us. We're just like everyone else. We've bought into the same, ridiculous delusion.” (April Wheeler)




Charles Farmer abandonou há muitos anos uma carreira na aeronáutica, em favor do rancho do pai, no Texas. Não foi certamente a opção de sonho. Entretanto, no celeiro, começa a construir um foguetão, para se lançar para o espaço e chegar onde queria chegar pelo caminho que largou. Tem a apoiá-lo a mulher, o filho e as duas filhas mais novas, todos entusiasmados com o desafio fantástico. Tem contra ele a indisponibilidade dos bancos em concederem-lhe mais crédito, o FBI que lhe cerca o rancho quando intercepta a ordem de compra de combustível para o foguetão, e os comerciantes que não acreditam no potencial comercial de patrocinar o foguetão e a viagem.

If we don’t have our dreams, we have nothing” (Charles Farmer)

Um comentário:

Anônimo disse...

Devorei a semana passada o "Perto da Felicidade" do Richard Yates e gostei mesmo. Não vi este filme, mas espero apanha-lo!
Um bj abrantino.
JM