(proposta de díptico: ter fome depois de matar alguém: IN THE VALLEY OF ELAH e MR73)

In the Valley of Elah olha para os efeitos de uma guerra – mais exactamente, os efeitos da participação nela. Olha fora da guerra, mas afinal bem para dentro dela! Joan Deerfield (Susan Sarandon) é uma mãe amargurada por ter perdido um primeiro filho na guerra (morto) e não ter tido ou exercido força suficiente para evitar a ida do segundo. Hank Deerfield (Tommy Lee Jones) é um veterano, marido de Joan, e ‘se calhar responsável’ pela ida do primeiro filho que perderam, e do segundo também. Como o primeiro, Mike (o segundo filho) não volta a casa. Mas terminou a sua comissão no Iraque e voltou ao país natal – a sua sorte foi no entanto bem distinta da de David (de Israel, que, segundo o mito, foi enviado para combater no Vale o gigante Golias, Filisteu).

MR73 é a arma de que são disparados os três tiros finais do filme, mortais. É também a arma cuja coronha serve para matar um outro personagem, antes daqueles três. Antes de tudo isso, temos a história de um polícia, Louis Schneider (Daniel Auteuil), cuja mulher e filha sofreram recentemente um acidente de viação. De Schneider, dir-se-ia que está ‘em espiral descendente’ – ainda assim, não corta amarras com uma investigação que escolhe assumir por conta e riscos próprios, de um assassino de mulheres. De permeio, lida também com uma colega de profissão (amante dele, num passado cuja distância não se apura concretamente, e com frequência que também se não revela), com um amante ocasional dela, que também é polícia; com outros colegas, e com uma jovem mulher que enquanto criança viu a mãe e o pai serem mortos por um homem que pode agora sair em liberdade condicional. Como se disse no início, quatro destes não chegam ao fim do filme vivos.

Trivialidade (?): ambos os filmes são baseados em acontecimentos reais!

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