Não, não ensandeci. Falo-vos destes três filmes, mas não porque os tenha visto e venha aqui recomendá-los - nada disso!
Apetece-me, isso sim, dar-vos aqui conta de um fenómeno que, uma vez por ano, tem lugar à porta do Cineteatro de Macau: na manhã de um determinado dia do primeiro trimestre de cada ano, sou sempre surpreendido pelo invulgar número de jovens que, alinhados, formam uma fila que transborda do edifício e se prolonga pela rua, por muitos metros.
“O que é que se passa ali?!!!”.
Logo me lembro: é dia dos namorados! :-.)
Pois é: todos os anos, a 14 de Fevereiro, centenas de jovens sacrificam o seu tempo e dinheiro e preferem o desconforto e o escurinho desta velha sala de cinema aos sofás das respectivas casas e DVDs falsificados - bem mais baratos que estes bilhetes, caramba!
Em 2008, olho para o que está em cartaz e efabulo: alguns daqueles rapazes vão aguentar os ruivos cabelos ondulados, os vestidos de balão e os muitos folhos de Giselle, as calças justas de Edward e o amigo esquilo, que fala. Talvez riam com uma ou outra tirada ou até lhes agrade este ou aquele fogacho num ou noutro momento de alguma acção. Por ela. Na fila estará no entanto também quem esteja disposta a levar com rápidos flashes enquanto um rapazola se tele-transporta de um lado para o outro e se defende de quem o tenta matar. Bem, está lá também a rapariga, por quem se espera que ele haja de se normalizar. O poder do amor; o poder delas. Não vai custar nada - por ele. Mas sejamos claros: podendo, o que eles e elas vão querer ver é a história do pai pobre, operário fabril que pouco traz para a mesa das refeições, e do filho deste, que é humilhado na escola e que, ao contrário dos malandros que o atormentam, não tem um brinquedo modelo CJ1 para brincar. Até que um dia, uma bola que o pai desencanta na lixeira para oferecer ao filho se revela um fofo extraterrestre que há-de ressuscitar o pai, entretanto morto num acidente de trabalho e…
Sim, sem dúvida: sei bem que bilhetes vão esgotar primeiro.
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